Você conhece os desafios do BYOD para sua empresa?

Desde que a internet passou ser ferramenta de trabalho eficiente, com desempenho semelhante a rede interna de uma empresa, surgiu a possibilidade do trabalho móvel ou simplesmente “a mobilidade”. 

Pessoas passaram a trabalhar em casa, em cafés, padarias, aeroportos, enfim, em qualquer lugar onde tivesse um link de internet e uma conexão wi-fi minimamente aceitáveis. 

Empresas passaram a permitir acesso remoto aos seus servidores, e seus funcionários passaram a trabalhar em qualquer lugar do mundo como se estivessem dentro da empresa. 

Notebooks eram dispositivos caros e as empresas forneciam este equipamento já configurado e com todos os requisitos de segurança, para que o funcionário usasse onde fosse necessário. Ocorre que o valor deste equipamento caiu muito nos últimos anos e funcionários passaram a comprar para uso pessoal. 

Então passamos a ver o típico encontro da “fome com a vontade de comer”, ou seja, funcionários querem trabalhar com seus dispositivos, que muitas vezes são melhores que os fornecidos pela empresa contratante e, por outro lado, as empresas querendo reduzir custos. Com isso foi adotado o modelo BYOD (Bring Your Own Devidce) ou “traga seu próprio dispositivo”. 

 Hoje em dia é estimado que 80% dos funcionários que necessitam de mobilidade, usam seu próprio dispositivo, inclusive quando estão dentro da empresa. 

Esse novo modelo de operação precisa ser analisado detalhadamente, em função do perfil de cada empresa e de seus funcionários, antes de decidir se é o ideal para o negócio. 

O objetivo deste artigo é fornecer algumas informações e ajudar na decisão, se o BYOD é um modelo adequado para a sua empresa. 

Afinal, quem “manda” no equipamento? 

É sempre importante lembrar que o notebook é de propriedade do funcionário. Então, ele terá direitos de usuário “administrador” neste equipamento podendo instalar e desinstalar o que ele bem entender, ou mesmo, deixar que seus filhos usem para acessar um jogo qualquer ou assistir o youtuber da moda, quando o funcionário chega em casa.  

Mas a empresa precisa limitar o uso e barrar certas atividades, que não seriam aceitas se o dispositivo fosse de propriedade da empresa. Isso pode gerar um desgaste na relação funcionário / empresa. 

Invasão de privacidade 

Existe no mercado aplicativos que permitem monitorar e bloquear ações em qualquer computador, mas fica a pergunta: Que direito tem a empresa de fazer isso em um notebook que pertence ao funcionário? 

Sem contar a possibilidade de acesso a informações pessoais do funcionário, fotos, videos, etc. Vemos nessa prática algo para uma potencial ação trabalhista. Mas, como veremos nos próximos tópicos, a empresa precisa impor limites e averiguar se estão sendo cumpridos. 

Riscos à segurança da informação 

Um computador pessoal doméstico, não possui todas os requisitos de segurança necessários para o seu uso em uma corporação, isso é fato. Do ponto de vista da segurança da informação é necessário preparar este dispositivo antes de usar e definir regras de utilização.  

A ausência deste preparo pode gerar inúmeros problemas para a empresa. Alguns destes problemas são largamente divulgados pela imprensa e muito conhecidos pelo pessoal técnico de TI. 

Um ataque hacker pode ser desencadeado facilmente através de um notebook de funcionário, sem a devida proteção. 

A disseminação do temido ransomware, vírus que criptografa todas as informações em todos os computadores e pede um resgate para restaurá-las, é outra possibilidade muito presente. 

Manutenção do equipamento 

Outra questão que tem sido muito discutida é, de quem seria a responsabilidade da manutenção deste equipamento. Sim, e se esse equipamento ficar inoperante? Quem arcará com os custos de reparo?  

Economia e aumento de produtividade 

Ao delegar a propriedade e até mesmo a manutenção destes dispositivos ao funcionário, a empresa estará fazendo uma boa economia, evitando o custo com aquisição do equipamento.  

Além disso, ao trabalhar em seu dispositivo, que muitas vezes tem desempenho superior ao equipamento fornecido, e por estar mais familiarizado com a tecnologia que está usando, o aumento de produtividade por parte do funcionário é significativo. 

Licenciamento de Software 

Como sabemos, todos os softwares instalados em um computador, deve possuir as devidas licenças. Obviamente as licenças pagas são as mais importantes, pois podem sofrer fiscalizações e gerar severas multas no caso da sua ausência.  

A realidade do mercado é, devido ao seu custo, nem sempre os dispositivos domésticos possuem estas licenças regularizadas. Esta situação pode se agravar quando estes equipamentos forem usados dentro da empresa, sem a devida licença de software e houver uma fiscalização dos orgãos competentes. 

Conclusão 

A adoção do BYOD é um modelo operacional que talvez tenha vindo pra ficar, mas deve ser muito bem planejada e sempre reunindo 3 áreas, TI, RH e Jurídica.  

É importante ter em mente que uma ação mal dimensionada para a adoção destes novos procedimentos pode trazer muito mais prejuízo do que ganhos. 

Alexandre Costa Pereira

Especialista em Gestão de TI